O Cruzeiro havia sido campeão da Libertadores de 1997 e os argentinos do River Plate haviam conquistado a Supercopa dos campeões da Libertadores do mesmo ano. A partir desses resultados estava formado o cenário de rivalidade da disputa pela taça da Recopa. O clima de tensão em cima da decisão histórica começou a se formar muito antes da bola rolar. Por questões burocráticas como: falta de datas para a realização do jogo e falta de patrocínio, decidiram a disputa - que teria acontecido em 1998 - para o ano de 1999.
Não seria o primeiro embate entre os dois clubes. Em outras duas oportunidades Cruzeiro e River já tinham se enfrentado em uma disputa continental. Nas duas (Libertadores de 76 e Supercopa de 91) o clube Celeste havia triunfado sobre o River. A decisão porém, seria em terras argentinas. O primeiro jogo no Mineirão foi um show para a torcida cruzeirense. Levir Culpi comandou a vitória celeste, por 2x0, com gols de Muller e Giovanni. Levir carregaria em sua bagagem para a decisão na argentina a preocupação com desfalques importantes no time, que poderiam colocar tudo a perder.
O técnico do River Plate mostrava confiança para o segundo jogo, mesmo depois da derrota em Belo Horizonte: "Quantos gols temos que fazer para ganhar a Recopa? Três? Bom, então faremos três,” afirmou Ramón Diaz. O mesmo Ramón Diaz que já perdera em 1991 como jogador o título da Supercopa para o Cruzeiro, em condições muito semelhantes, o Cruzeiro precisa fazer três e fez. Levir, por sua vez, sabia que enfrentar argentinos era sempre perigoso e afirmava que o Cruzeiro entraria em campo em clima de decisão. Mesmo antes do apito inicial Espínola, zagueiro do River, e Giovanni do Cruzeiro já estavam trocando farpas.
O cenário de "guerra" estava montado. Logo aos 18 minutos do primeiro tempo foi justo ele quem marcou. Giovanni encobrindo o goleiro Bonano e abrindo o placar para a Raposa. Em um jogo eletrizante - com três expulsões - os argentinos ainda veriam as redes do gol de Bonano balançarem outras duas vezes: com Marcelo Ramos e Paulo Isidoro, de pênalti, fechando a goleada celeste.
O Cruzeiro tornava-se o primeiro time brasileiro e bater o River Plate no Monumental e o Boca na "Bombonera". O temido "La Bestia negra" vencia o River naquele momento pela terceira vez em uma decisão continental. Uma dor de cabeça que os argentinos ainda tentam esquecer e uma página na história do Cruzeiro que revela sua grandeza e imponência perante o futebol mundial.
Por Mateus Batista